SORAIA GUIMARÃES
17/12/2011 – RECONHECIMENTO DO CORAÇÃO:
Agradeço a você, Sônia, por ter me tirado do mundo das perguntas absurdas e inférteis. Agradeço por ter posto em mim o desejo de sair das margens convencionais da razão e adentrar os controversos e belos caminhos da sabedoria. Agradeço por me filiar ao seu coração de mãe, assumindo-me como filha rebelde, que merece carinho para aprender a lição necessária. Agradeço por ter olhado sem pressa para a pintura da minha vida e nela ter reconhecido traços que mereciam mais amor.
Agradeço por ter visto os jardins escondidos na minha alma, e por tê-los feito florir, pela força de um plantio na terra da realidade. Agradeço por me ajudar a revelar a sabedoria que reside em meu ser. Por ter-me feito aventurar nas sementes que há em mim, que aceitam a morte para que nasça a sua beleza. Agradeço por ter-me devolvido meu pai, seu imenso amor e dedicação. Sua vida marcada pelo enorme carinho que me ensinou tanto e que eu não conseguia ver. Agradeço por amá-lo agora, como nunca pensei que poderia.
Agradeço por ter-me aproximado de minha mãe de forma sadia e amorosa. Pela libertação da doença, para o resplandecer da cumplicidade e do amor. Agradeço pela compaixão que pude sentir por ela.
Agradeço por você ter me arrancado de minhas posturas mesquinhas e visões de superfície. Agradeço pela herança! Herança humana, prática, filosófica e espiritual. Agradeço por ter me visto do coração e assim fazer a minha história ser diferente. Eu continuarei na vida, minha querida amiga, clarificada pelas riquezas que já foram suas e que agora também são minhas. Entregues pela sua enorme generosidade.
Quando tudo pareceu irremediavelmente perdido em minha vida, eu encontrei você! De forma surpreendente, você me amou, desde o início. Chorou e sorriu comigo. Semeou-me de sonhos e esperanças viáveis de uma vida melhor e mais feliz. Direcionou os meus olhos e os meus passos para um lugar além, mais profundo e verdadeiro, mais bonito, e me ensinou a construir um novo jardim em meu coração, que ramificou e floresceu nos territórios de minha alma. Que me trouxe novos aromas e cores mais suaves. Um jardim onde aprendi a paciência e o tempo das esperas, onde cada coisa tem o seu momento para florescer. Lugar onde a vida me recriou, como se um movimento materno me reconduzisse ao ventre, tecendo-me de novo, lapidando-me, livrando-me dos excessos. Um lugar onde vivi o itinerário do meu florescimento humano. Um jardim onde eu pude recomeçar!
Com muito amor, Soraia Guimarães.
Adaptado de Tempo de Esperas de Padre Fabio de Melo.